Autor:
Daniel Bulha de Carvalho - Diretor Executivo Abasp
Publicado em:
28 de outubro de 2022
Resumo
Nos últimos anos, a rapidez das transformações tecnológicas tem alterado o modo como a sociedade se relaciona e consome informações. Trata-se de uma nova realidade em que o consumidor anseia por serviços mais ágeis, mais conectados, mais seguros e diversificados e para a qual a sociedade já está se adaptando com senso de urgência.
Nos últimos anos, a rapidez das transformações tecnológicas tem alterado o modo como a sociedade se relaciona e consome informações. Trata-se de uma nova realidade em que o consumidor anseia por serviços mais ágeis, mais conectados, mais seguros e diversificados e para a qual a sociedade já está se adaptando com senso de urgência. Novos hábitos de consumo e a busca por serviços que proporcionam uma experiência simples e ao mesmo tempo prazerosa são consequência da velocidade dessas transformações. Aplicativos de músicas, plataformas de streaming, livros digitais e aplicativos de mobilidade urbana são exemplos de resultados dessa revolução digital.
O setor de bilhetagem e arrecadação no transporte público está acompanhando as mudanças da sociedade e as transformações pós-COVID. Um ponto de inflexão é a tomada de decisões a partir de dados. Até o início de 2020, a totalidade dos bilhetes unitários sobre trilhos no Estado de São Paulo ainda era paga em dinheiro. Uma realidade que precisava mudar, tanto pelo aspecto da segurança quanto da facilidade de operacionalização do sistema.
O grande desafio é tratar a mobilidade urbana para além do simples deslocamento da população, mas como um imperativo que alia unificação e padronização dos sistemas de bilhetagem, redução dos custos operacionais, modicidade das tarifas, diversificação dos meios de pagamento e, acima de tudo, a liberdade de escolha dos passageiros. Se antes, todo bilhete só podia ser adquirido em um guichê da estação, hoje é preciso estar presente onde o passageiro se encontra. E com um simples smartphone ele está em todos os lugares, simultaneamente.
É fato que a bilhetagem digital ainda tem muito espaço para avançar, mas sua tecnologia já é realidade pronta para ser disseminada a partir de experiências bem-sucedidas. Um exemplo desse avanço é a criação da Associação de Apoio e Estudo da Bilhetagem e Arrecadação dos Serviços Públicos de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo – ABASP.
Criada em 2019, a ABASP permitiu ao Estado de São Paulo concretizar um sistema de bilhetagem eletrônica e arrecadação unificado, padronizado e que, ao mesmo tempo, reúne diferentes modais e diferentes sistemas de transporte, como a rede metroferroviária do Metrô e da CPTM, as linhas metropolitanas de ônibus da EMTU e as dos municípios de Taboão da Serra, Cotia, Arujá e Rio Grande da Serra.
Foi através desse novo conceito, com ganhos de escala e eficiência na operação dos concessionários, que a plataforma TOP foi implantada em 2020, transformando a jornada diária de quem utiliza o transporte público em São Paulo. Entre as novidades colocadas em prática, a primeira foi a substituição do antigo bilhete unitário magnético para trens e metrô, que, além de ser mais custoso e suscetível a fraudes, só podia ser adquirido em dinheiro nas bilheterias das estações. Em seu lugar, surgiu o bilhete digital QR Code, que já supera a marca de 185 milhões de unidades comercializadas.
As formas de pagamento e os canais de venda do novo bilhete também foram ampliados, possibilitando ao passageiro evitar filas e adquirir seus bilhetes antes mesmo de chegar à estação, com o suporte de mais de 8 mil pontos de venda, que vão desde bancas de jornais a padarias e lanchonetes.
Outra solução inovadora foi pensar na sustentabilidade e permitir a compra dos bilhetes sem a impressão física ou a obrigação de ir até um local, através de um aplicativo para smartphone e até mesmo a integração dos bilhetes ao WhatsApp, mensageiro mais popular entre os brasileiros. Já o interior das estações ganhou máquinas de autoatendimento com comandos intuitivos e função débito ativada.
Com o foco nas pessoas e nas suas necessidades, a tecnologia deve em primeiro lugar ser um instrumento de melhoria e acessibilidade aos serviços públicos. É por isso que o aprimoramento e a digitalização das atividades de bilhetagem passam pela unificação de serviços, diversificação das opções de compra e pagamento dos bilhetes, além da preocupação inegociável com a segurança das pessoas e observância à legislação. O processo de transformação está em andamento e, assim, como a própria tecnologia, estará sempre em constante mudança.